por Afrolink

O que os papéis ocupados por actores negros nas novelas brasileiras nos revelam sobre a realidade racial do país?

No documentário “A Negação do Brasil”, de Joel Zito Araújo, as respostas vão chegando. Vemos que as pessoas negras são sobretudo representadas através de estereótipos negativos; notamos que são despidas de história, existindo na dependência dos protagonistas brancos; constatamos que a cultura negra é exotizada, apresentada como algo exterior à cultura nacional.

Em termos gerais, constatamos que as novelas são um produto que reproduz as múltiplas violências produzidas pelo racismo estrutural.

Ou, nas palavras de Zito Araújo, elas “têm pacto com a ideologia do ‘branqueamento’ e com o mito da democracia racial”.

O impacto das novelas na identidade  dos negros

Numa entrevista concedida à Folha de São Paulo, aquando da estreia de “A Negação do Brasil” (2001), o realizador lembrou que, as novelas, face à enorme importância que assumem na cultura brasileira, “podem ter tido um impacto forte (e negativo) na identidade dos negros”.

A começar na sua própria experiência: “Percebi que as novelas provocaram em mim o desejo de ser branco e uma certa tendência de negar minha origem negra”.

O efeito não surpreende diante da narrativa presente nas 174 novelas que analisou. Exibidas de 1964 a 1997, essas produções reflectem uma visão supremacista branca do mundo.

O olhar crítico proposto pelo documentário “A Negação do Brasil” exibe-se amanhã, a partir das 20h30, no Ciclo de Cinema Afrodescendente, organizado pela DJASS – Associação de Afrodescendentes, a convite da Casa da Achada.

A entrada é gratuita e o programa inclui uma roda de conversa.

Onde assistir:

Casa da Achada – Centro Mário Dionísio
Rua da Achada, 11, R/C, Lisboa