A “Prisão Política” que dá acesso a um dos capítulos recentes de Angola

Pela escrita de Sedrick de Carvalho, um dos arguidos no mediático processo 15+2, temos acesso aos bastidores do caso, em que a Justiça angolana condenou 17 activistas por diversos crimes, incluindo actos preparatórios de uma rebelião e associação de malfeitores. A ‘viagem’ chega-nos com o livro “Prisão Política”, que será lançado amanhã, 22, às 16h, na Biblioteca Municipal Palácio dos Coruchéus, em Lisboa.

por Afrolink

Da detenção e dias na esquadra à libertação e sobrevivência, passando pelo Hospital-prisão de São Paulo, sem esquecer as sessões no Tribunal de Luanda, as mais de 200 páginas do livro “Prisão Política”, da autoria do jurista e jornalista Sedrick de Carvalho, dão acesso aos bastidores do caso 15+2, em que a Justiça angolana condenou 17 activistas por diversos crimes, incluindo actos preparatórios de uma rebelião e associação de malfeitores.

Arguido nesse processo, Sedrick conta a experiência numa dezena de capítulos, escritos em jeito de diário de cárcere.

“O relato começa a 20 de Junho de 2015, na Vila Alice (Luanda) quando um grupo de jovens se encontrou no ILULA [Instituto Luandense de Línguas e Informática] para realizar uma leitura colectiva da obra “Da Ditadura à Democracia”, de Gene Sharp”, antecipa a sinopse do livro “Prisão Política”, que será lançado amanhã, 22, às 16h, na Biblioteca Municipal Palácio dos Coruchéus, em Lisboa.

Com apresentação do sociólogo Manuel Dias dos Santos, o novo título tem o selo das editoras Elivulu (Angola) e Perfil Criativo (Portugal), que vêem apostando em publicações dedicadas à questão da memória colectiva de Angola.

Neste livro de Sedrick de Carvalho, a memória regista que esses activistas “foram violentamente presos por uma força especial de intervenção rápida do Serviço de Investigação Criminal (SIC), e mais tarde assistiram a um bizarro julgamento no qual foram acusados de terrorismo”.

Encarcerados até 29 de Junho de 2016, conforme se assinala na obra, os acusados acabaram por ser libertados por ordem do Tribunal Supremo.

Mas até que ponto o desfecho do processo judicial significa o fim do processo político?

A obra “Prisão Política” promete ‘soltar’ respostas.