Artista para múltiplas artes, Paulo Pascoal fundou uma nação pelos Direitos Humanos

Angolano nascido em Lisboa, Paulo Pascoal trabalha em rádio, televisão, teatro e cinema, meios nos quais se destaca como actor, apresentador e locutor. Desde 2014 a viver em Portugal, depois de estudar em Espanha e também nos EUA, foi por cá que se tornou “preto” e “ilegal”, categorias indissociáveis da sua história, igualmente marcada pelas lutas activistas, pela música, pela moda e pela sobrevivência a um cancro. Tudo para conhecer amanhã n’ O Lado Negro da Força.

por Afrolink

O seu rosto tornou-se conhecido a partir de uma série de campanhas publicitárias, enquanto a voz ganhou projecção com a música. Fenómeno de popularidade em Angola quando vivia o início da idade adulta, Paulo Pascoal amadureceu entre os altos e baixos da exposição mediática.

Hoje com 39 anos, trabalha em rádio, televisão, teatro e cinema, meios nos quais se destaca como actor, apresentador e locutor, percurso redireccionado em 2009, após sobreviver a um cancro no cérebro.

“Eu neguei a doença, pensei que era o fim do mundo, andei com muitas mulheres, joguei futebol, fiz de tudo o que não fazia na vida, pensei em fazer o serviço militar, mas o cancro de certa forma foi uma bênção para mim porque parei para reflectir e perceber com que coisas eu me estava a enganar. Foi quando me aceitei e fui ao encontro da verdade”.

A partilha, publicada numa entrevista de 2010 ao Jornal de Angola, surgiu com o lançamento do disco “Heal” (“Cura”), testemunho musical de um processo de superação, que incluiu uma busca espiritual por mais de 75 cidades, espalhadas por 33 países.

“A maior viagem foi a interior”, reconheceu noutra conversa jornalística, em que a sua faceta de actor esteve em primeiro plano.

Activismo em defesa dos Direitos Humanos

Além de ter participado na primeira co-produção luso-angolana “Voo Directo”, Paulo integrou, entre outros, o elenco da produção “Depois do Adeus”, série de época que retratou o período pós-descolonização de Angola.

A aventura na representação, com passagem por novelas em Angola e Portugal, descolou após os estudos na reputada The Julliard School de Nova Iorque, cidade para onde se mudou em 1999, depois de ter frequentado um Seminário de Padres, em Espanha.

Neste percurso, a par da formação dentro das artes cénicas, o actor fez um mestrado em Estudos Culturais Africanos.

Desde 2014 em Portugal, foi por cá que se tornou “preto” e “ilegal”, categorias indissociáveis da sua história, igualmente marcada pelas lutas activistas. A este nível, destaca-se o facto de ter criado a Peaceful Nation, “plataforma internacional focada na promoção e sensibilização dos direitos humanos, em particular das comunidades LGBTQIAPK, e assumindo especial atenção aos países africanos”.

Mais recentemente, Paulo associou-se à União Negra das Artes.

“Sempre tive muita sorte em fazer tudo o que quis e gosto de fazer, por isso estou grato por todas as oportunidades que me vão chegando até agora, quer como performer ou em qualquer outra vertente artística”, assinalou em entrevista à Dezanove, sem esconder os seus rasgos de inquietude.

“Tenho vindo a recolher belíssimas experiências em áreas diferentes, mas canso-me das coisas com facilidade e preciso de desafios constantes”.

Antes do próximo ‘voo’, Paulo faz escala n’ O Lado Negro da Força.

 

Para ver e directo no Facebook e no YouTube, a partir das 21h. 

No filme “Pele Escura”, de Graça Castanheira