Descolonização no Parlamento pela voz do Presidente da Ucrânia?

Com cerca de 30 intervenções em parlamentos de todo o mundo, do Japão ao Congresso dos EUA, passando por vários países europeus, o Presidente da Ucrânia ‘aterra’ esta tarde na Assembleia da República portuguesa. Através de uma videoconferência, agendada para as 17h, Volodimir Zelensky deverá manter a fórmula que tem usado nesta sua digressão mundial virtual: evocar um acontecimento histórico nacional para criar ligação à audiência, e dirigir-se aos cidadãos e não aos responsáveis políticos do país para alargar a base de apoio popular na guerra contra a Rússia. Resta saber que capítulo da História portuguesa virá ao de cima, havendo quem refira a descolonização. Comentamos mais logo n’ O Lado Negro da Força.

por Afrolink

No Congresso dos EUA, o 11 de Setembro foi o ‘gancho’ para se ligar à audiência. No Parlamento do Japão, os bombardeamentos nucleares ocorridos na II Guerra Mundial estiveram presentes. Já na Alemanha, a queda do Muro de Berlim mereceu protagonismo.

A cada intervenção da sua digressão virtual por parlamentos de todo o mundo, o Presidente da Ucrânia tem feito questão de evocar traumas do passado para falar da presente guerra na Europa e mobilizar apoios para o futuro.

A estratégia, combinada com a opção de se dirigir aos cidadãos e não aos responsáveis políticos, fez disparar a ‘bolsa de apostas’, no espaço mediático sobre o momento da História de Portugal que vai o discurso do líder ucraniano.

Em declarações ao Público, o consultor de comunicação Luís Paixão Martins, enumerou algumas hipóteses, sem esquecer que na Grécia, Zelensky meteu o pé pelas mãos ao partilhar um vídeo de um combatente de origem grega com ligações a um grupo paramilitar com ideologias de extrema-direita.

Em Portugal, prenuncia o especialista, o passado colonial poderá sobressair do discurso.

“A libertação de um poder totalitário e a descolonização, simultaneamente, são dois atributos do 25 de Abril muito caros na dialéctica de Portugal e da Ucrânia”, adiantou Paixão Martins.

A Revolução dos Cravos surge também como uma aposta para o historiador António José Telo, que, ao Diário de Notícias, também lembrou as guerras das invasões francesas. Esta é, aos olhos de José Telo, a situação mais semelhante, porque “aquando das invasões, praticamente todos os portugueses combateram contra o invasor”.

Ainda assim, por uma questão de contemporaneidade – “este episódio [das invasões] é antigo, são mais de 200 anos” –, o historiador acredita que a hipótese francesa será descartada.

“O 25 de Abril representa a liberdade, e o presidente ucraniano pode fazer essa analogia. De que a Ucrânia lida e luta pela sua liberdade contra a opressão do sistema russo”.

Importa saber também se, falando da Revolução de 1974, o Chefe de Estado poderá ignorar as lutas pela independência.

Acompanhamos e comentamos mais logo n’ O Lado Negro da Força.

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