por Afrolink

“Imaginem que resolvem emigrar para ter uma vida melhor. Do nada começam a ser perseguidos pela justiça do país que escolheram para viver. Tiram-vos a casa, os filhos e o trabalho. Nem sequer vos dão subsídio de desemprego ou indemnização.  Descobrem que afinal as autoridades vos fazem isso devido ao vosso extenso cadastro criminal, mas vocês ficam espantados porque nunca cometeram crimes e, muito menos, estiveram presos. Afinal descobrem que os crimes foram cometidos por outra pessoa e que foi o governo do país que vos deu nacionalidade que trocou as vossas identidades. Agora imaginem estar nisto há 10 anos, sofrer física e psicologicamente, ver família e amigos a afastarem-se e ninguém a importar-se convosco. Ver os vossos pedidos de ajuda ao vosso país esbarrarem na burocracia e no desprezo e vocês todos os dias a lutarem para limparem o vosso nome”.

António Tavares Gomes não precisa de imaginar, porque viveu e continua a viver essa realidade, partilhada nas redes sociais.

Cidadão português de origem cabo-verdiana, António tem 50 anos e está há uma década a pagar por crimes que nunca cometeu. A injustiça, iniciada a partir da separação da ex-mulher e disputa de direitos parentais, deve-se a uma troca de identidades que o Ministério da Justiça de Portugal já reconheceu, sem que isso produza uma mudança na situação.

A história, bem documentada neste link, vai estar em destaque na segunda parte do Lado Negro da Força.

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