Iolanda Évora desata nós, refaz laços e exalta a presença africana no mundo
por Afrolink
De um descontentamento, Iolanda Évora criou uma plataforma que promove múltiplos reconhecimentos: o “AFRO-PORT, Afrodescendência em Portugal: sociabilidades, representações e dinâmicas sociopolíticas e culturais”.
“Fiz a proposta do projecto porque estava absolutamente insatisfeita com a categoria de imigrante, algo que não se aplicava a muitas pessoas a viver em Portugal. Até existe a designação “imigrante de quarta geração”. É demais!”, explicou a coordenadora do AFRO-PORT, em entrevista à Revista da Universidade de Lisboa.
Na mesma ocasião, a investigadora lembrou o quanto a própria escolha de palavras pode ‘contaminar’ leituras e acentuar exclusões.
“Não colocámos ‘afrodescendente’ no título do projecto, mas antes ‘afrodescendência’, para o foco não ficar no sujeito”.
Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, o AFRO-PORT decorreu entre 2018 e 2021, permitindo dois reconhecimentos importantes sobre a afrodescendência. Por um lado, assinalou Iolanda Évora nessa entrevista, é preciso lembrar que se trata de uma categoria colonial. Por outro lado, convém recordar que a afrodescendência está relacionada com a presença africana no mundo.
Essa e outras reflexões, nomeadamente sobre os processos e dinâmicas de categorização de minorias étnico-raciais, têm marcado o percurso académico da investigadora, doutorada em Psicologia Social e com um pós-doutoramento focado na produção de narrativas sobre migrantes e nas mobilidades africanas.
A esses créditos académicos, Iolanda Évora, que possui nacionalidades cabo-verdiana e portuguesa, junta o de Professora do Mestrado em Desenvolvimento e Cooperação Internacional no ISEG – Instituto Superior de Economia e Gestão, da Universidade de Lisboa.
Além da presença na academia portuguesa, o seu trabalho tem forte ligação ao Brasil, onde organizou o “In Progress, Seminário sobre Ciências Sociais e Desenvolvimento em África”.
A psicóloga social também tem assinatura em várias obras, e colabora com o Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais e do Laboratório de Pesquisa em Ciências Políticas e Sociais da UNICV, em Cabo Verde.
Muito do que tem sido a sua trajectória cabe na sua tese de doutoramento, intitulada “(Des)atando nós, refazendo laços: aspectos psicossociais da migração feminina cabo-verdiana em Roma, Itália”.
A viagem prossegue amanhã, n’ O Lado Negro da Força.
Para ver a partir das 21h, em directo no Facebook e no YouTube.