O Barco junto ao Tejo que desatraca a memória de histórias esquecidas

O próximo domingo, 17, reserva-nos a terceira e derradeira oportunidade para assistirmos à performance e instalação “O Barco/The Boat”, de Grada Kilomba, no espaço exterior do Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, em Lisboa. Com início marcado para as 16h, a ‘viagem’ performática promete conduzir-nos até “um lugar de reconhecimento, um jardim de memória e contemplação do futuro”.

Texto por Afrolink

Qual a medida de uma História que não é contada? O que cabe num espaço de desumanização, apagamentos e silenciamentos? Na instalação e performance “O Barco/The Boat”, da artista interdisciplinar Grada Kilomba, 140 blocos de madeira queimada estendem-se junto ao Tejo por 32 metros de comprimento, para nos convidar “a entrar num jardim da memória (…) recordando histórias e identidades esquecidas”.

A proposta foi inaugurada no passado dia 3 de Setembro, na abertura da temporada de exposições de Outono do Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (MAAT), em Lisboa, e despede-se já no próximo domingo, 17, com a terceira performance, a iniciar às 16h.

Com produção musical de Kalaf Epalanga, a criação de Grada Kilomba coloca várias gerações das comunidades afrodescendentes no centro da interpretação, transformando “O Barco/The Boat” num “lugar de reconhecimento, um jardim de memória e contemplação do futuro”.

“Um continente com milhões de pessoas não pode ser descoberto”

Nesta primeira instalação de grande escala da também professora e escritora, os 140 blocos de madeira estão alinhados para formar “a silhueta do fundo de uma nau” e desenhar “minuciosamente o espaço criado para acomodar os corpos de milhões de africanos, escravizados pelos impérios europeus”.

Em ruptura com o imaginário ocidental, em que “um barco é facilmente associado à glória, liberdade e expansão marítima, descrita como ‘descobertas’”, a artista apresenta a sua visão nesta obra, lembrando que “um continente com milhões de pessoas não pode ser descoberto”.

Da mesma forma, Grada sublinha que “um dos mais longos e horrendos capítulos da humanidade – a Escravatura”, não pode ser apagado. Seguimos viagem ao seu encontro n’ “O Barco/The Boat”. Venham também!