O que Lagos nos pode ensinar sobre “Histórias de Vida dos Escravizados”

Vale da Gafaria, na cidade algarvia de Lagos, “tornou-se conhecido como o primeiro e maior local de sepultura de pessoas escravizadas Africanas encontrados na Europa, na sequência de um dos capítulos mais vergonhosos da história ocidental: o Comércio transatlântico de pessoas escravizadas”. Mas o papel de Portugal nesse passado criminoso continua por reconhecer, realidade que o projecto “Histórias de Vida dos Escravizados” promete desafiar. De que forma? Amanhã, 25, temos a oportunidade de perceber, num encontro organizado pela DJASS – Associação de Afrodescendentes. O evento decorre das 16h30 às 18h, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e conta com a participação da investigadora Vicky M. Oelze, pesquisadora principal desse projecto que se propõe reconstruir as “Histórias de Vida dos Escravizados”.

por Afrolink

Da Universidade da Califórnia, em Santa Cruz, surgem elementos-chave para demonstrar o papel central de Portugal para a criação do comércio transatlântico de pessoas escravizadas.

Com o projecto “Histórias de Vida dos Escravizados”, que tem como investigadora principal Vicky M. Oelze, pretende-se reconstruir as histórias de vida individuais de pessoas escravizadas através da análise de múltiplos isótopos estáveis.

O trabalho dá o mote para um encontro amanhã, 25, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, em que teremos a oportunidade de ouvir Vicky M. Oelze.

O evento, organizado pela DJASS – Associação de Afrodescendentes em parceria com o Núcleo de Estudantes Lusófonos da Universidade Nova de Lisboa, decorre das 16h30 às 18h, e confronta um passado que continua por reconhecer.

“Vale da Gafaria (Lagos, Portugal) tornou-se conhecido como o primeiro e maior local de sepultura de pessoas escravizadas Africanas encontrados na Europa, na sequência de um dos capítulos mais vergonhosos da história ocidental: o Comércio transatlântico de pessoas escravizadas”.

A ligação de Lagos a “Histórias de Vida dos Escravizados” é central, conforme demonstrará a pesquisadora principal do projecto, que, para além de explicar “como a análise de isótopos estáveis pode informar sobre vidas passadas”, irá “ouvir as preocupações, ideias e desejos da comunidade afrodescendente em relação os restos humanos do Vale da Gafaria”.

Até lá, importa sublinhar que “as provas bio-arqueológicas obtidas de um total de 158 indivíduos” encontrados em Lagos, provam que eram de origem africana e que foram deportados à força nos séculos XV a XVII. “No entanto, as regiões africanas de onde essas pessoas foram raptadas permanecem desconhecidas”, assinala a DJASS na mensagem de divulgação do evento, acrescentando que “este facto torna hoje difícil ligá-los às comunidades afrodescendentes, e avaliar o conluio precoce de Portugal no comércio de pessoas escravizadas”.

Um entendimento que “Histórias de Vida dos Escravizados” promete facilitar.