O “trabalho de casa” de Sinho dá uma lição contra o racismo, e não só

Vice-presidente da Associação Cavaleiros de São Brás, situada no Casal da Boba, na Amadora, José Baessa de Pina, mais conhecido como Sinho, leva a cabo uma missão comunitária a que chama “trabalho de casa”. Uma lição contra o racismo, a misoginia e o colonialismo, para conhecer amanhã, no Lado Negro da Força. Sempre a partir das 21h30, em directo, e com transmissão no Facebook e no YouTube.

por O Lado Negro da Força

O talk-show que, todas as quintas-feiras, projecta vozes historicamente silenciadas, e apresenta histórias sistemicamente invisibilizadas, tem como convidado desta semana José Baessa de Pina, ou simplesmente Sinho.

Façam-se as apresentações…

Filho de descendentes de cabo-verdianos emigrantes, Sinho nasceu em Portugal em 1976, na maternidade da Estefânia.

Residente desde sempre do Bairro das Fontainhas, diz-se cidadão afrodescendente. 

Tem o sexto ano de escolaridade e integra, desde 1998, a empresa Prestibel, desempenhando funções de vigilante. 

Ocupa-se igualmente das questões que afectam a nossa sociedade, e que pesam especificamente sobre a sua comunidade, como os preconceitos e a justiça social.  

Faz uso da sua fala, a que chama “Trabalho de Casa”, para desconstruir narrativas que reproduzem o racismo, a misoginia e o colonialismo.  

Uma das suas maiores ambições é trabalhar na manutenção e disseminação das artes e da cultura cabo-verdiana, apoiando e promovendo os artesãos ou grupos a todo o momento.  

Desde 2004, ano da fundação da Associação Cavaleiros de São Brás, vem promovendo eventos locais, como o Boba Li Ke Terra, para celebração do Dia da Independência de Cabo Verde, criação de sinergias e acções de formação para trazer grupos de teatro, de investigação, intervenção para a cidadania e activismo ao bairro.  

Durante os últimos meses, em que a pandemia da Covid-19 afetcou tantas pessoas, iniciou um processo de apoio alimentar emergencial em parceria com três associações, mobilizando voluntários e uma rede com tantas outras organizações da zona metropolitana de Lisboa. É assim que idealiza uma sociedade melhor e é numa lógica de “Djunta mo” que desenvolve sempre qualquer iniciativa.  

No rescaldo desta acção, e contando com o grupo que conseguiu unir em torno dos seus objetivos para dinamizar com a comunidade, foi possível dar lugar a actividades culturais – como as leituras infantis @nozsimentis que dão a conhecer contos e estórias de matriz africana – e desportivas, como as caminhadas #BOBAMOVIMENTA, abertas a todas as idades, e que visam combater o sedentarismo e promover a proximidade entre os moradores e a presença activa no espaço que é de todos.

Neste momento a sua luta é pela permanência e fortalecimento da Associação Cavaleiros de São Brás, de que é vice-presidente, e que é uma presença indispensável no território da Boba, espaço de abertura e motor de projectos de impacto social e de empoderamento comunitário, através de processos colaborativos.

Acompanhe O Lado Negro da Força, no Facebook e no YouTube, todas as quintas-feiras, a partir das 21h30.