Os tambores de ‘guerra’ que acompanham a morte do “Arquitecto da Paz”
por Afrolink
Na morte como na vida, José Eduardo dos Santos é fonte de múltiplas discórdias. Por um lado, há quem opte por valorizar o seu papel no processo de paz de Angola, e no equilíbrio de forças (mesmo que desequilibrado) na região da África Austral – atente-se que Moçambique decretou cinco dias de luto nacional pela morte do ex-Chefe de Estado angolano, que foi exactamente o mesmo período estabelecido em Luanda. Por outro lado, não falta quem veja no apregoado “Arquitecto da Paz” o grande carrasco do povo angolano, apontando os seus 38 anos de governação como causa da miséria e corrupção que assolam Angola.
A par da profunda dualidade na interpretação do legado do antigo Presidente da República, sobressai, na hora sua morte, a extensão das rupturas que a sua saída do poder causou.
Agora, da mesma forma que se tornou evidente o afastamento do actual líder João Lourenço em relação à governação do seu antecessor, torna-se óbvio o distanciamento que se estabeleceu entre os seus herdeiros, com uma parte dos filhos a defender o seu enterro em Angola, e outra a contestar esta hipótese, acusando o sucessor de José Eduardo dos Santos de ter orquestrado uma campanha de perseguição e humilhação que precipitou este desfecho.
De tal forma que, quase uma semana após o falecimento, em Espanha, permanece a incerteza sobre o local do enterro, decorrendo uma disputa judicial sobre o processo da guarda do corpo do ex-Chefe de Estado.
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