Psicologia e diversidade: o poder de Shenia Karlsson contra a discriminação

“Racismo, sexismo, xenofobia, homofobia e outras formas de discriminação são violências sociais que causam sofrimento psíquico”, sublinha a psicóloga Shenia Karlsson, que se tem dedicado à pesquisa e à prática de uma clínica voltada a diversidade. Agora de portas abertas para todo o mundo, com um consultório online. Façam o favor de entrar!

por Afrolink

A formação, os títulos e as licenças profissionais falam pelos anos de especialização. Psicóloga clínica, mestre em Estudos Africanos, pós-graduanda em Sexologia clínica, terapeuta EMDR, directora do Departamento de Sororidade no INMUNE – Instituto da Mulher Negra em Portugal e tanto mais, Shenia Karlsson acrescenta ao cartão-de-visita uma assinatura vivencial única.

“Minha trajectória profissional deu-se primordialmente a partir de minha vivência enquanto corpo-mulher-negra. Confesso que é um lugar muito complexo, cheio de significados e significantes”, introduz a psicóloga, na apresentação biográfica partilhada na sua recém-inaugurada morada online.

O novo espaço está aberto para a marcação de consultas, em português e em inglês, e sem limites geográficos.

“Temos clientes em vários continentes”, esclarece-se na página de “perguntas frequentes”, na qual se reitera a disponibilidade para ligações a qualquer lugar do mundo.

Além das consultas de psicologia – individuais, de casal, para famílias –, os serviços oferecidos por Shenia incluem supervisão clínica para profissionais da área.

“Um lugar seguro, de acolhimento, sem relativizações”

A par dos atendimentos, a psicóloga também está disponível para palestras e consultoria em diversidade e inclusão organizacional e para projectos em instituições.

“Exerço uma Psicologia voltada para a diversidade e livre do engessamento tradicional, uma prática interseccional comprometida com as mudanças sociais”, explica Shenia, lembrando que “racismo, sexismo, xenofobia, homofobia e outras formas de discriminação são violências sociais que causam sofrimento psíquico, sendo assim demandas terapêuticas à serem tratadas com respeito”. Como tal, a psicóloga faz questão de frisar que no seu consultório “todos os corpos-sujeitos encontram um lugar seguro, de acolhimento, sem relativizações”.

A abordagem diferenciada e diferenciadora presente no trabalho de Shenia Karlsson começou no Rio de Janeiro, a sua cidade de origem, onde a psicóloga se especializou na intervenção em comunidades periféricas, a que juntava também atendimentos no sector privado.

“Constatei a carência de uma intervenção psicoterapêutica que atendesse demandas específicas das mulheres negras. A partir desta constatação, percebi que podia ir além”, conta a co-fundadora do Papo Preta – Saúde e Bem Estar da Mulher Negra, projecto de Psicologia criado em 2016 na ‘Cidade Maravilhosa’, e entretanto alargado “a toda a população negra de diáspora africana”, actuando o Brasil e em Portugal.

“Nosso objectivo é propiciar a construção de um espaço para a promoção de saúde emocional e bem-estar psicológico onde as experiências oriundas do racismo possam ser acolhidas e superadas. Baseamos nosso trabalho numa Psicologia crítica que rompe os moldes tradicionais buscando releituras de conceitos bases e um mergulho nas obras de autores negros que até então foram invisibilizados na academia”, lê-se na apresentação do “Papo Preta” alojada no consultório online.

A especialização no trabalho com mulheres negras, explica Shenia, “abriu possibilidades de explorar intervenções que atendam todos os tipos de sujeitos, especialmente os sujeitos que a literatura nomeia de ‘não normativos’”.

Desta forma, prossegue a psicóloga, “homens, mulheres, cis, transexuais, não binários, homossexuais, negros, indígenas, brancos, racializados, casais homoafectivos, casais interraciais, famílias interraciais, famílias brancas que adoptam crianças negras, deficientes visuais e afins, são todos bem-vindos”. Sem exclusões!

 

Visite o consultório online de Shenia Karlsson