“Reparações históricas para cumprir Abril” – a Agenda 2024 do SOS Racismo

A Fnac Chiado, em Lisboa, recebe, na próxima quarta-feira, 11, às 18h30, a apresentação da Agenda 2024 do SOS Racismo. “Com o tema “Reparações históricas para cumprir Abril”, esta publicação é muito mais do que uma agenda!”, antecipa o movimento, aguçando o nosso interesse para o que podemos encontrar. O Afrolink espreitou o conteúdo, e garante que não vai querer perder!

por Afrolink

Na próxima quarta-feira, 11, às 18h30, José Falcão, Pedro Varela, e Rosana Albuquerque apresentam a Agenda 2024 do SOS Racismo, que tem como tema “Reparações históricas para cumprir Abril”.

O momento acontece na Fnac Chiado, em Lisboa, e oferece-nos a oportunidade de verificar porque é que “esta publicação é muito mais do que uma agenda”.

Além de trazer, como manda a tradição, datas historicamente relevantes, a agenda inclui a Declaração do Porto “Reparar o irreparável”, e uma reflexão do activista Mamadou Ba, apresentada em editorial.

“Vamos celebrar os 50 anos do 25 de Abril, 50 anos que marcam o fim da ditadura e do regime fascista e a derrota do colonialismo, sucedâneo do tráfico negreiro e do imperialismo portugueses. Estas celebrações têm trazido, e bem, a questão colonial, nomeadamente, o papel central dos movimentos africanos de libertação contra o jugo colonial na Revolução dos Cravos que ditou o colapso do Estado Novo”, introduz Mamadou, lembrando que “é pouca ou quase nula a genética relação entre a Escravatura e o Colonialismo nos diversos formatos previstos para evocação da efeméride”.

Prosseguindo, o também dirigente do SOS Racismo nota que “a ausência do crime esclavagista em quase todas as narrativas contra hegemónicas sobre as desigualdades herdadas do legado histórico é bastante sintomática da profunda negação em que a sociedade portuguesa se instalou no que concerne ao racismo estrutural”.

Mamadou assinala igualmente que “o fascismo português viveu e alimentou-se simbólica e concretamente do Colonialismo, cujo modelo de governo racista se inspirou obviamente da desumanização forjada pela escravatura”.

Daí resulta que o “o racismo foi e continua a ser o prolongamento dessa desumanização consolidada pela ideologia escravocrata da administração colonial”, e, por isso mesmo, o activista defende “que o racismo contemporâneo, cujas raízes estão nesses dois albergues selvagens, a Escravatura e o Colonialismo, não pode ser relativizado nem subalternizado no âmbito da apreciação das conquistas de Abril”.

Assim, “para além dos três D’s que ainda estão por cumprir, com uma urgente necessidade de refundação programática em que é preciso substituir o D do desenvolvimento pelo da descarbonização, urge também acrescentar, pelo menos, uns três R’s ao projecto de Abril: Reconhecer, Resgatar e Reparar”.

Mamadou Ba termina o editorial com uma proposta de tarefas para uma mudança colectiva.

Todas marcadas na agenda que importa ter, para fazer.