Resistência e rebelião na arte contemporânea de Moçambique

O Hangar – Centro de Investigação Artística realiza, na próxima quarta-feira, 20, a partir das 19h, uma apresentação online da obra “Atlantica: Contemporary Art from Mozambique and its diaspora”, que reúne trabalhos de 14 artistas visuais e ensaios teóricos de curadores e estudiosos. A publicação, disponível para compra no site do Hangar, vem acompanhada de uma roda de conversa, que podemos seguir em directo no Facebook.

por Afrolink

A fotografia e a ilustração sobressaem da assinatura de Filipe Branquinho, artista que “aborda questões do foro social, debruçando-se sobre a realidade de Moçambique, especialmente os modos de vida da população, as mitologias e as dinâmicas urbanas”.

As vivências na Pérola do Índico também marcam presença na prática artística de Eugénia Mussa, onde “podemos encontrar uma preocupação constante com o repensar a história dos movimentos artísticos da pintura”.

Já no trabalho de Mauro Pinto, a fotografia revela-nos posicionamentos políticos, críticas e questionamentos sociais, enquanto na expressão artística de Maimuna Adam o verbo viajar assume uma conjugação central. “Materiais como café, tinta da china, papel de fibra de bananeira, carvão, acrílico, tela e livros são usados para explorar noções de identidade e memória em relação às histórias e origens mistas”.

De biografia em portfólio, encontramos também as esculturas de Gonçalo Mabunda, que “trabalha com as armas recuperadas em 1992, no final do conflito de 16 anos que dividiu” Moçambique. “Mabunda é mais conhecido pelos seus tronos, que como afirma, funcionam como atributos de poder, símbolos tribais e peças tradicionais da arte étnica africana. São uma forma irónica de comentar a sua experiência infantil de violência e o absurdo da guerra civil que isolou o seu país por um longo período”.

A esta mão-cheia de artistas juntam-se outros nove – Jorge Dias, Ângela Ferreira, Gemuce, Eurídice Kala, Camila Maissune, Mário Macilau, Celestino Mudaulane, Félix Mula, Marilú Námoda – presentes em “Atlantica: Contemporary Art from Mozambique and its diaspora”, em tradução literal “Atlântica: Arte Contemporânea de Moçambique e da sua diáspora”.

A publicação reúne trabalhos desses 14 artistas visuais, a que se juntam ensaios teóricos de 17 curadores e estudiosos, para conhecer melhor na próxima quarta-feira, 20, a partir das 19h, numa mesa-redonda online, a transmitir em directo na página Facebook do Hangar.

Com organização da artista e investigadora Mónica de Miranda, que também assina a coordenação do livro, o encontro virtual vai juntar as artistas Ângela Ferreira (que editou a obra), Camila Maissune e Eugénia Mussa, bem como a investigadora Ana Balona de Oliveira, e os curadores Azu Nwagbogu e Rafael Mouzinho.

Gonçalo Mabunda na campanha “Art Warning the World”, lançada em 2015 pelo artista francês Klaus Guingand

Antes da conversa, que acontecerá em inglês, sob moderação do curador Bruno Leitão, deixamos aqui os ingredientes que a tornam especialmente apetecível, retirados do texto de apresentação de “Atlantica: Contemporary Art from Mozambique and its diaspora”.

“Tendo em conta a produção artística do novo milénio em Moçambique, esta obra reflecte distintas histórias e visões artísticas, a par de uma grande variedade de formatos e géneros de escrita, espelhando igualmente a diversidade de origens dos seus autores. As práticas da arte contemporânea que têm surgido e se desenvolveram no país são em si ferramentas de resistência e rebelião. Como tal, centrais para as estratégias de descolonização que os artistas usaram para entender, analisar e resistir ao impacto socioeconómico dos eventos quotidianos e das suas próprias realidades pessoais”. Estejam em Moçambique ou na diáspora.

 

“Atlantica: Contemporary Art from Mozambique and its diaspora” está disponível para compra no site do Hangar

A apresentação online, acompanhada de uma roda de conversa, pode ser acompanhada no Facebook do Hangar

Mais informações sobre o evento aqui