Se as paredes do ISCTE falassem, o que nos diriam? Fomos ouvi-las!
:por Afrolink
As inquietações sucedem-se, umas após as outras: Quantos/as professores/as negros/as existem no ISCTE? Ou investigadores/as? Quantos/as autores/as negros/as estão presentes nos planos curriculares? Como é o quotidiano de estudantes e trabalhadores/as racializados/as no instituto? Porque é que, perante actos e estruturas raciais, o silêncio institucional tem sido a norma?”.
Por detrás de cada interrogação, encontramos evidências do “racismo estrutural presente no ISCTE-IUL e nas demais instituições de Ensino Superior portuguesas”, bem como expressões do “negacionismo em que estão envoltas”, apontam estudantes e trabalhadores do ISCTE.
Desde o final de Novembro unidos na acção “(Anti)Racismo: e se as paredes do ISCTE falassem?”, esse estudantes e trabalhadores expõe, diariamente, nas redes sociais, “frases de reflexão e relatos de vida que desocultam a realidade racista e xenófoba que atravessa a sociedade portuguesa, ensino superior e o ISCTE.”.
“África nunca irá para a frente” – a sentença de um professor
A par da intervenção online, a campanha tem uma dimensão offline – que, aliás, foi a primeira a arrancar –, concretizada através da fixação de cartazes nas paredes do instituto.
Numa dessas mensagens recorda-se o recente apelo lançado à Reitoria do ISCTE para que se posicionasse em relação à vandalização da fachada da universidade com mensagens racistas e xenófobas, ocorrida a 30 de Outubro.
“Apenas pintar paredes de branco não basta. É preciso combater o racismo e a xenofobia”, sublinharam mais de 80 cidadãos, entre estudantes universitários, licenciados, mestrandos, doutorandos e investigadores, no repto dirigido à Reitoria.
Agora, além de alertar para as agressões quotidianas que ocorrem no ISCTE, o colectivo anti-racista desafia outros a fazerem o mesmo.
“Convidamos todas e todos – estudantes e trabalhadores/as do ISCTE e outras instituições do Ensino Superior e Ciência – a acompanhar-nos e a partilhar via inbox casos que conheçam e reflexões sobre a questão”.
O apelo à denúncia renova-se nas partilhas diárias, bem reveladoras dos resquícios e vícios coloniais. De um lado temos um professor a sentenciar que “África nunca irá para a frente”, do outro somos confrontados com ofensas ao carácter dos africanos – todos, claro está. Nestes termos: “O que muitas vezes acontece é que alunos de países como os vossos [leia-se de África], vêm para aqui estudar e depois não aproveitam o facto de estarem numa boa instituição. Ou usam o visto de estudante para ir para outro país, ou são depois apanhados em trabalhos ilegais”.
As discriminações repetem-se impunemente, alimentando a verve racista de quem não hesita em pregar superioridade moral e institucional. Até quando?
Acompanhe a Plataforma Antirracista do ISCTE nas redes sociais: