Que referências nos acompanham na nossa construção de negritude e africanidade? Quais os livros, filmes, séries, discografia ou palestras que nos ajudam a desmontar a armadilha da história única? Uma vez por semana, publicamos sugestões que espelham esse despertar identitário. O livro “Pequeno Manual Antirracista”, da brasileira Djamila Ribeiro junta-se à nossa best list.

Com 11 grupos de instruções, acompanhados de referências históricas, estudos e estatísticas sobre desigualdades raciais, o “Pequeno Manual Antirracista” desafia-nos a assumir a nossa responsabilidade individual na luta contra todas as discriminações.

“Este livro foca em estratégias para combater o racismo contra pessoas negras, mas espero que, se possível ele possa contribuir também para o combate a outras formas de opressão”, assinala Djamila Ribeiro, na introdução.

Publicada no ano passado, a obra debruça-se sobre o racismo estrutural, explicando o que é, e de que forma se manifesta.

Apesar de o foco da análise ser a sociedade brasileira, é impossível ler o “Pequeno Manual Antirracista” sem encontrar paralelos com Portugal.

Desde logo, pela insistência na afirmação de que não somos um país racista. “Reconhecer o racismo é a melhor forma de combatê-lo”, lembra Djamila Ribeiro, também autora de “Lugar de Fala”.

A escritora prossegue com as recomendações – “Não tenha medo das palavras ‘branco’, ‘negro’, ‘racismo’, ‘racista’” –, sublinhando: “Dizer que determinada atitude foi racista é apenas uma forma de caracterizá-la e definir seu sentido e implicações. A palavra não pode ser um tabu, pois o racismo está em nós e nas pessoas que amamos (…)”.

As reflexões continuam ao longo de meia centena de páginas, ordenadas segundo um manual de instruções, que, antes do repto final – “Sejamos todos anti-racistas” –, sugere:

• Informe-se sobre o racismo
• Enxergue e negritude
• Reconheça os privilégios da branquitude
• Perceba o racismo internalizado em você
• Apoie políticas educacionais afirmativas
• Transforme o seu ambiente de trabalho
• Leia autores negros
• Questione a cultura que você consome
• Conheça seus desejos e afectos
• Combata a violência racial

A acção já começou. Com todos e para todos!