Silêncio, que Moami está a criar arte! De um tipo que nas paredes se expressa


Aos cinco anos, Stélvia Zamora desenhava, “quase às escondidas”, debaixo de uma mesa. Hoje, Moami, como se popularizou, apresenta a sua arte em exposições, livros, na sua própria marca de streetwear, e numa série de galerias a céu aberto, onde a sua assinatura criativa cobre paredes de cores e de significado. “Pintar com grafitti é como se fosse um amor de vida, não deixo por nada”, conta a artista angolana, que vamos conhecer melhor a partir das 21h, n’ O Lado Negro da Força.

 

por Afrolink

Começou por levar “emprestadas” as canetas do tio – que também desenhava –, para expressar a criatividade que lhe corre nas veias. Stélvia Zamora, mais conhecida por Moami, tinha então cinco anos, vivia na sua Angola natal, e improvisou o primeiro ateliê: pintava debaixo de uma mesa “quase às escondidas”.

Um dia adormeceu ali e o tio descobriu. A partir daí, conta, a utilização das canetas ficou mais fácil. “Fui sempre de criar sozinha, brincar sozinha”, recorda.

Hoje a artista apresenta a sua arte em exposições, livros, na sua própria marca de streetwear, e numa série de galerias a céu aberto, onde a sua assinatura criativa cobre paredes de cores e de significado.

“Pintar com grafitti é como se fosse um amor de vida, não deixo por nada”, garante, explicando que essa relação nasceu a partir de um convite de um amigo, que a desafiou a experimentar. 

Quando começou, em 2004, Moami recorda que iniciou um processo de auto-superação: pintar com spray era a única coisa que ainda não fazia.

“É desafiante. O spray tem pressão, faz doer o pulso. Exige muito trabalho. Se tiveres vontade de pintar, vais conseguir. Vai dar trabalho, mas vais conseguir”.

Moami não só conseguiu, como tem no spray um ‘companheiro’ de marca.

“A criação de um graffiti começa com o processo diário de pintura, que geralmente engloba oito horas por dia”, explica a artista, acrescentando que essa é uma jornada feita de muitas adaptações.

“São criadas ilustrações que começaram a ser feitas em papel. A pintar vou sempre adaptando o desenho, durante o desenho. Já passei mais de 16 horas a pintar uma parede, parando apenas para comer, quando me lembrava.”

Liberdade criativa

Movida pelo “prazer de criar, de descobrir”, Moami diz que o faz de forma muito intuitiva. “Não começo a desenhar uma ideia que tenho. Quando começo a desenhar, o desenho aparece”.

Antigamente, recua, as ilustrações nasciam de momentos de stress, em que pensava: “Em vez de escrever, vou ter de desenhar”.

Com um processo criativo que se vai revelando e maturando, a artista prefere ter alguma margem de manobra para se expressar. Por isso, sente-se mais criativa quando o cliente diz “está aqui o teu espaço, pinta-o como preferires”.

Nesse exercício de liberdade, há algo que Moami não dispensa: “Tenho de conseguir criar uma bolha para criar, o silêncio precisa de existir, mesmo com pessoas à minha volta”.

A arte prossegue dentro de momentos!

Para ver às 21h, n’ O Lado Negro da Força, em directo, no Facebook e no YouTube.  Juntem-se a nós!