Cinco mãos cheias de cabazes para conter os efeitos secundários da pandemia

Sem meios para dar resposta ao aumento de pedidos de ajuda alimentar, que dispararam à medida que os despedimentos e reduções salariais foram agravando a situação de pandemia que atravessamos, a associação Jangada d’ Emoções, no concelho de Sintra, lançou uma campanha de crowdfunding para apoiar 25 famílias. Todas com crianças a seu cargo.

Dois quilos de arroz, também dois de batatas, dois litros de leite, um par de pacotes de massa, outro par de feijão, quatro latas de salsichas, uma embalagem de shampoo…A lista de compras, onde predominam produtos alimentares e se encontram também alguns artigos de higiene pessoal, prolonga-se até aos 40 euros, e foi especialmente elaborada para ajudar 25 famílias.

Mas, para que isso aconteça, é necessário recolher 1.000 euros, valor que a associação Jangada d’ Emoções pretende angariar através de uma campanha de crowdfunding, intitulada “Juntos Somos Comunidade”.

A iniciativa, lançada no final da semana passada na plataforma PPL, complementa a intervenção no terreno, desde o passado mês de Março dirigida para alivar os efeitos socioeconómicos da Covid-19 na Tapada das Mercês. É nesta localidade do concelho de Sintra que está sediada a Jangada d’ Emoções, estrutura que veio formalizar, no início do ano, a actividade do Clube das Mulheres, fundado por Elisabete Borges em 2009.

Desde então activa na criação de redes de suporte à sua comunidade, num primeiro momento com foco na promoção da Saúde Mental, Elisabete, que preside à Jangada, aponta reúne agora esforços para ajudar a suprir carências básicas.

As necessidades têm sido inventariadas em articulação com outras associações que actuam na Tapada das Mercês, e que viram os pedidos de ajuda disparar com o início do confinamento.

Aliviar o impacto socieconómico da pandemia

“Numa das associações em que alguns membros da Jangada fazem voluntariado, o número de pessoas apoiadas subiu de 30 para cerca de 200”, assinala Elisabete, explicando que muitas famílias tiveram os rendimentos abruptamente reduzidos, ou por situações despedimento, ou por situações de redução salarial.

“Como vimos que muitas pessoas ficavam sem resposta, começámos a organizar recolhas de alimentos, não apenas no nosso território, mas também através de jovens que estavam noutros territórios e que nos apoiaram”, conta a líder comunitária, contabilizando em cerca de duas dezenas o universo de famílias que já usufruíram desta intervenção da Jangada.

 

O número de beneficiários da ajuda alimentar promete agora alargar-se a mais 25 agregados familiares, todos com crianças a cargo. Uma prioridade que antecipa uma pressão acrescida nos orçamentos domésticos.

“A distribuição dos cabazes iniciar-se-á em Setembro, no início do ano escolar, uma vez que é um período onde as famílias se sentem mais fragilizadas economicamente pelos gastos inerentes à aquisição do material escolar”, lê-se na apresentação da campanha. Online por dois meses, até 26 de Outubro, e no terreno todos os dias.