por Afrolink

Tal como os livros que nos acompanham na escola, também as efemérides com que nos cruzamos nos media reproduzem uma narrativa que marginaliza o papel de África na História.

Criado para visibilizar esse contributo africano, o calendário online “Africa Today/Yesterday” permite-nos conhecer acontecimentos, personalidades e curiosidades que entraram para a História do nosso “berço da Humanidade”.

A iniciativa reúne mais de 20 anos de pesquisas, lemos na sua morada web, e mobiliza esforços de especialistas das mais variadas áreas. O resultado apresenta artistas, “heróis e vilões, líderes e rebeldes, cientistas e académicos, diplomatas e escritores, atletas e aventureiros”, bem como pessoas comuns que no seu quotidiano fazem coisas extraordinárias.

Além de juntar o trabalho de historiadores, académicos, jornalistas, músicos e entidades governamentais, o calendário está aberto para acolher a participação de todas as pessoas que tenham interesse em colaborar.

Para isso, basta enviar um e-mail para africatodayyesterday@gmail.com

Seja qual for a origem da informação, todos os conteúdos elencados no calendário são validados por pelo menos uma fonte histórica, garantem os criadores da página, que, na sua apresentação, recorrem às palavras de Patrice Lumumba, herói da luta pela Independência da República Democrática do Congo.

Acrescentamos o contexto dessa declaração, já aqui partilhado, a propósito da divulgação que fizemos da publicação da Falas Afrikanas intitulada “Chora, ó Negro, Irmão bem-amado”.

Na altura, recordámos que, nove dias antes de ser assassinado, Lumumba despedia-se, numa carta, da companheira Pauline. A missiva, escrita na prisão a 8 de janeiro de 1961, permite-nos conhecer um pouco dos combates que travou, e da sabotagem criminosa que encontrou.

“A História revelará um dia o seu veredicto, mas não será a História que se ensinará em Bruxelas, Paris, Washington, ou nas Nações Unidas; será aquela que se ensinará nos países libertados do jugo do colonialismo e das suas marionetas”, profetizou Lumumba, na carta, acrescentando: “África escreverá a sua própria História e ela será, a norte e a sul do Sahara, uma História de glória e de dignidade”. E com calendário.